Vinte e Alguma Coisa

Amor não é a resposta, trabalho também não é.... A verdade é tão incompreensível que dói... Mas eu continuo me divertindo e acho que essa é a chave.. Tenho vinte e poucos e continuarei sendo a mesma coisa....

2 comentários
Sábado, seis e quarenta da manhã, com os cabelos molhados, tênis frouxos, mochila nas costas e caderno nas mãos, já estando atrasada, a garota corre para o ponto de ônibus. Tem aula, não pode perder aquela condução. O próximo acarretará em um atraso de mais de uma hora. Então, segura a mochila, apoia o cardeno e corre. Corre como se todo o dia dependesse daqueles segundos...
Alcança o ponto, o ônibus está arancando, dá sinal,o motorista espera, um passo em falso, e a garota se vê no chão. Não sabe como foi o tombo, não sabe se quer se foi um tombo. Recolhe a mochila, o caderno, guarda a vergonha no bolso, pega o cartão de passagem, atravessa a roleta e com o olhar fixo no fundo do veículo, senta-se em um dos bancos. Hora de conferir os estragos.
Uma parte da calça está coberta de poeira, os joelhos estão doloridos, a mochila tem pintas de sague! Assusta-se, de onde vem? Olha para a palma das mãos: sente o calor delas, e junto aos arranhados, vê o sangue misturado à poeira do cascalho. Não era um cortinho bobo, pelo gelo nas pontas dos dedos percebeu que esse trauma, ocuparia todo seu dia.
Ficou irritada por não ter nenhum material de primeiro socorros na bolsa. Não havia se quer um lenço de papel. Teve que suportar o misto de sangue, poeira, irritação e dor até a faculdade.

Desceu do ônibus, trovejando xingamentos e pensando em como poderia escrever, dirigiu-se para enfermaria. Ainda com o pensamento no decorrer do dia, pensava no combinado: depois da aula de física, iam fazer uma super revisão para a prova de cálculo da segunda. E, ainda buscando uma solução para suportar escrever, deu com a porta da enfermaria fechada. Aparentemente, não abre aos sábados. Suspirou e desceu as escadas rumo ao laboratório. Só que ela sabia que não conseguiria entrar com as mãos sangrando. Passou no banheiro, que não tinha cheiro de maquiagem, molhou as mãos. Teve que ser resistente para não gritar: o choque gélido parecia que ia descarregar todas as suas energias e joga-la no chão. Com uma força sobrenatural, esfregou o local, enrolou em uma toalha de papel, e foi para sua alua. Local do qual teve que se ausentar de 10 em 10 minutos até o sangramento parar.
Na hora combinada da revisão, não sabe de onde, nem como consegui ter forças para anotar apontamentos e resolver questões. Só tem pleno conhecimento de que conseguiu encher quatro folhas com sua letra minúscula e seus números imperfeitos. Relembrando os acontecimentos do sábado, e olhando para os cortes e o roxo das mãos, sabe que não falhará na prova de hoje: afinal, sangrou por ela.

2 comentários :

Mwho disse...

Ivich,
Água e sabao!
O resto é conversa fiada!

Marcela Fernanda disse...

Nossa, isso eh q eh 'dar o sangue'... Boa prova! Bjo