Vinte e Alguma Coisa

Amor não é a resposta, trabalho também não é.... A verdade é tão incompreensível que dói... Mas eu continuo me divertindo e acho que essa é a chave.. Tenho vinte e poucos e continuarei sendo a mesma coisa....

Sobre pessoas e shows

2 comentários
Maria Rita  - Foto: http://www.soubh.com.br/


Como esperado ela foi mesmo a show da Maria Rita mas não vai usar este post para elogiar o show. Claro que estava ótimo, mas a questão percebida lá dentro foi a evolução do comportamento das pessoas na platéia, que é o assunto para hoje. Claro que ela vai se basear em suas próprias experiências, mas acredita que alguma coisa vai ser comum a todos nós.

Quando criança, quando se vai ao show daquelas cantoras, a primeira reação é o medo: temos que enfiar no meio daquela multidão e dar passos maiores que nossas perninhas. Depois é o deslumbramento: tudo lido, colorido. Parece a coisa mais legal da sua breve vida.

Na adolescência é hora das boybands, shows de rock. Chega-se no minimo 6 horas antes do show. A correria para entrar é parte do espetáculo. Corre como se um milhão de reais estivesse em jogo. Canta-se como se sua vida dependesse daquele refrão, pula, grita. Sai de alma lavada e com um sorriso no rosto.

Lá pela faixa dos 23 anos, vai ao primeiro show "de mesa". Sente-se a mais sofisticada das criaturas ao contar para os amigos que foi no show da Fulana ou daquela banda de jazz que ninguém conhece. Fica sentadinha naquela cadeira hipnotizada pelos instrumentos e aplaude discretamente como todos os outros.

Daí vem os shows de adulto, não pega mais a correria da entrada porque ficou procurando vaga no estacionamento. Não corre para entrar porque não tem nenhuma paciência de ficar vendo os videos que vão ficar exibindo antes do show começar. Passa no banheiro antes e já com o copo de coca-cola entra na arena.  Olha para a pista e se pergunta: Será que aguento ficar em pé ali durante todo o show? E já duvidando do seu lado adolescente que deu a resposta positiva, vai para a arquibancada. Senta em um lugar mais no alto (não aguenta aquele povo passando na sua frente toda hora) e conversa sobre coisas do cotidiano com o acompanhante. Nada de ressaltar o quanto ama aquela banda, ou que espera que seja o "show da sua vida". Durante o show fica mais contida, não pula, dança lá no seu cantinho, canta (mas já não grita), aplaude e acaba por sair achando que  faltou alguma coisa.

Ontem ela saiu assim, com essa sensação de não ter aproveitado o bastante. Sentiu vontade de estar lá na pista onde estavam os fãs mais exaltados, dançando o tempo todo como eles faziam. Sentiu uma pontinha de inveja dos chapéus dos sambistas, dos passos coordenados ou não, dos gestos livres sem medo de acertar a pessoa do lado... Em outras palavras, sentiu falta da liberdade da adolescência.

E assim decidiu, no próximo show vai como adolescente. Vai chegar cedo, enfrentar fila, correria na entrada, ficar em pé na pista, cantar, gritar e sair de lá com a certeza de que aproveitou até o último segundo daquelas breve horas.

Agora já está esperando a Maria Rita voltar enquanto canta e ensaia os passos do samba:

"Eu não nasci no samba, mas o samba nasceu em mim
Quando eu pisei no terreiro, ouvi o som do pandeiro
Me encantei com o tamborim

Noite que tem lua cheia
Meu coração incendeia
Bate mais forte na marcação

O povo sacode o pagode
Batendo na palma da mão
É corpo, é alma, é religião"

2 comentários :

waterfall disse...

Ser adulto é uma chatice! :)

Maíra disse...

pois é, waterfall, vamos voltar pra adolescência...