sobre desejos e planos pro ano novo

No último domingo,  em meio a votos de felicidades pelo aniversário deu uma amiga, lá sentada na mesa falando sobre nada específico, uma das ocupantes se dirige a mim: “E você, Maíra, quais são seus planos para este ano?”

A vontade foi de levantar e ir vistar o cachorro que descansava no lado oposto. Ele não lhe exigira respostas, ele aceitaria um afago na cabeça, e deitaria no seu colo sem cobranças...Mas não podia deixar a pessoa olhando, guardei minha vontade no bolso.   para ela e sair,Olhei para ela, sorri, e disse coisas aceitáveis como “Vou  me casar esse ano”.  O espanto do rosto da outra foi reconpensador. Ela bem sabe que ando “só” desde os primórdios. Ela deveria ter desconfiado da mentira deslavada, mas optou por arrumar seu rosto espantado e sorrir.Acabou que a mentira encerrou o assunto. Ela passou a investigar os planos dos outros ocupantes da mesa. Deles ela conseguiu respostas amigáveis e verdadeiras como:  “ah, vou começar uma dieta”,  “finalmente vou malhar”, "fiz vestibular"...

Achei que não iria pensar mais sobre o assunto, já que decidi que não quero mais listas de ano novo, quero estar mais leve. Mas fui embora pensando. E passei o dia seguinte pensando... Por que eu não quero nada esse ano? E aí veio a conclusão: claro que eu quero! "Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida", quero um emprego novo, quero finalmente terminar meu livro de contos, quero passar num concurso, quero viajar, quero aprender a ser só... Mas mesmos com todos esses desejos, tenho consciência de que realizar qualquer um deles (ou todos eles) será praticamente impossível.Só que ainda assim, eu estava incomodada.

No resto do domingo, fiz minha longa lista de tarefas que sempre faço nos domingos, e no meio da pior delas, junto ao vapor quente e roupas amarrotadas, eu descobri um desejo que pode ser alcançado: Quero que minhas camisas sociais fiquem melhor passadas! Simplório? Claro. Mas é essa a vida que venho desejando: simplicidade. E daí, com o novo desejo em mente, passou com afinco suas camisas. Elas não ficaram lá uma Brastemp. Mas sua mãe já não olhou com desprezo para algumas quando as pendurou no armário.