Vinte e Alguma Coisa

Amor não é a resposta, trabalho também não é.... A verdade é tão incompreensível que dói... Mas eu continuo me divertindo e acho que essa é a chave.. Tenho vinte e poucos e continuarei sendo a mesma coisa....

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Fotógrafo/artista: Gregor Schuster


O par de all star oscilava entre o asfalto, ainda com aquela música, escutada no assento no fundo do ônibus, ressoando em seu ouvido, lembrava-se do teste feito hora antes: como podia ter chegado à aquelas conclusões? Treinou tanto, resolveu vários exemplos, passou o sábado sentada em uma cadeira fria, olhando pra o relógio e gastando grafites, nem vai tentar se lembrar da borracha.

Olhou para os pés: os tênis usados durante todo fim-de-semana estavam cobertos de poeira; sua mente também estava turva. Não entendia o porque daquele desânimo no fim de noite, amanhã poderá ser um belo dia. Só que já sabia que não seria uma bela noite, teria outro teste. Dessa vez, decisivo: um resultado negativo não terá recuperação. Lembrando desse fato, percebe que terá que emendar dia e noite mais uma vez. Sente medo, insegurança... E se falhar novamente?

Levanta a cabeça, há um homem sentado na esquina, seu coração para por um instante. O homem procura a chave e entra em casa. Alívio, as batidas voltam timidamente. Outra vez o par misto de poeira e desenhos, pisa incertante no asfalto. Poucos metros os separam de casa. Pensou no porque daquilo tudo, o que estava tentando provar? O que desejava realmente? Segurou a pasta, o peso das folhas era proporcional ao cansaço. Tudo tendenciava à horas calmas em uma praia distante. Mas não gosta de praia, então porque esse estranho desejo? Acreditava estar melhorando das crises repentinas, mas qualquer submissão a situações de risco a jogam do chão do ringue. Que luta era aquela, onde um dos oponentes já entrava esgotado? Desistir já era a opção mais fácil.

Lembrou da mãe, do esforço, do que passara, do que viria a passar, do sim, do não, das escolhas certas e incertas, da outra canção. Desistir não é uma opção. Não nesse contexto, não para essa história que pode vir a não ter final feliz. Se fosse para se entregar, era melhor não ter entrado.

Aquele domingo em que sentou no banco de madeira no fundo da nave, ouviu que as pessoas andam procurando ânimo, motivos e que sempre reclamam e desistem. O homem com uma veste estranha e branca, disse que há motivos espalhados pelo mundo, e que todos encontraram o seu. E ainda mencionou a importância de deixar de reclamar e começar a clamar e persistir. Em que? Não sabe ainda. Ou já sabe a muito tempo...

Abriu a pasta, tirou o relógio e recomeçou a batalha. Se reclamou? Não! Agora não reclama mais. Só tenta escapar dos golpes mais duros, e como diria o poeta: ‘se for só um arranhão, não vai nem soprar’....

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